A mãe da vítima entrou com defesa de Kléber, ex-agente da PRF, junto ao advogado Glover Castro, que representa Paulo Rodolpho, outro ex-agente envolvido em tortura e homicídio triplamente qualificado.
Na sala do júri, Maria Vicente de Jesus chorou ao lembrar os detalhes do dia em que seu filho foi morto por policiais. Ela contou que, após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, não pôde ver seu corpo porque estava muito abalada, mas soube que ele foi levado para a morgue com um túmulo improvisado feito de paus e folhas, um sinal claro da falta de respeito com que ele foi tratado.
Em seu depoimento, Maria Vicente de Jesus relembrou todos os fatos, desde a noite em que seu filho foi levado pela polícia até a morte tragicamente prematura. Ela chorou ao recordar quando foi chamada para identificar o corpo de Genivaldo, e como ele foi julgado por todos que o conheceram. Como o caso envolveu policiais, a presença deles na sala do júri foi essencial. O júri teve que considerar as testemunhas que depuseram a favor dos policiais, e agora é hora de julgamento para decidir o que aconteceu.
Morte Suspeita: Ex-Policiais são Acusados de Tortura e Homicídio
Os três ex-policiais da PRF, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Kléber Nascimento Freitas e William de Barros Noia, estão sendo julgados pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado. A defesa de William, representada pelo advogado Glover Castro, argumenta que não houve intenção de praticar o crime de homicídio, enquanto a defesa de Paulo Rodolpho, feita pelo advogado José Rawlinson Ferraz Filho, reitera a inocência do ex-policial e classifica sua prisão como uma grave injustiça.
A defesa de Kléber Freitas, representada pelo advogado Carlos Barros, afirma que o julgamento vai esclarecer a verdade e que a atuação de seu cliente esteve plenamente alinhada ao cumprimento de suas funções como policial. A mãe da vítima, Maria Vicente, respondeu as perguntas feitas pelos procuradores do MPF sobre como era a convivência com o filho e sobre como agora convive com sua ausência. Ela disse que ‘nós morremos junto com Genivaldo depois que ele se foi’ e que a ausência do filho é muito dolorosa e a deixou ainda mais doente.
A acusação fez apenas uma pergunta à mãe da vítima. Maria Vicente contou sobre sua vida após a morte de seu filho e destacou que a família não recebeu nenhum apoio desde a morte dele, apenas duas cestas básicas foram enviadas pela prefeitura logo após a morte dele. Ela disse que conta com ajuda de amigos para se deslocar até Estância e que ‘nós somos muito fracos [pobres] e não temos condições de estar aqui todos os dias, então qualquer ajuda a gente aceita’.
Os depoimentos devem seguir até o final do dia, com a expectativa de que nove testemunhas sejam ouvidas nesta quarta. Na terça-feira, primeiro dia de julgamento, prestou depoimento o sobrinho de Genivaldo, Walison de Jesus Santos, que presenciou a abordagem dele por ex-agentes da PRF. Ele disse que ‘estar aqui já é muito difícil porque eu tenho que relatar e reviver aquele momento. Mas o mais difícil é ver meu sobrinho [como ele chama o filho de Genivaldo] desenhar o pai morando no céu’.
Genivaldo tinha 38 anos, era diagnosticado com esquizofrenia e pai de um menino que na época tinha 7 anos. Ele foi morto em 25 de maio de 2022 quando policiais soltaram spray de pimenta e uma bomba de gás lacrimogêneo dentro do porta-malas da viatura em que ele foi colocado após uma abordagem. Antes de ser colocado na viatura, foi imobilizado, atingido com spray nos olhos, jogado ao chão e recebido chutes dos policiais. As investigações apontaram que a Genivaldo ficou 11 minutos internado na viatura antes do atendimento médico.
Fonte: © Notícias ao Minuto