As estatais no Brasil mostram desigualdade salarial por gênero em unidades com mais de 100 funcionários, segundo dados de igualdade.
Os salários nas três maiores estatais do Brasil revelam disparidades entre homens e mulheres. Os relatórios de igualdade salarial das empresas apontam diferenças significantes nos salários pagos, com destaque para a discrepância entre os gêneros. O Banco do Brasil lidera com 59 relatórios, seguido pela Caixa com 44 e pela Petrobras com 38, evidenciando a necessidade de uma maior equidade salarial.
Além dos salários, a questão da remuneração total também merece atenção. Os pagamentos em destaque refletem a importância de políticas de igualdade de gênero no ambiente de trabalho, visando reduzir as discrepâncias nos ganhos entre homens e mulheres. A transparência nos salários e pagamentos é fundamental para promover uma cultura organizacional mais justa e inclusiva para todos os colaboradores.
Desigualdade de Salários em Empresas Estatais
Em 110 das 146 unidades analisadas, o que corresponde a 75% do total, é observado que os homens estão recebendo salários superiores às mulheres. Esse cenário se agrava na Petrobras, onde a média salarial para os homens é maior em 84% das unidades. Em seguida, temos o Banco do Brasil com 75% e a Caixa com 69% de discrepância salarial entre os gêneros.
Nas empresas estatais, ao contrário do setor privado, a entrada se dá por meio de concurso público, com salários iniciais idênticos para todos. A disparidade nos ganhos surge ao longo da progressão na carreira. A Petrobras assegurou que seu plano de cargos não promove diferenciações entre homens e mulheres ocupando o mesmo cargo e unidade de trabalho.
‘A única variação que pode surgir está relacionada aos ganhos em regime de trabalho diferenciado, como por exemplo, para os colaboradores que atuam embarcados’, afirmou a assessoria de imprensa da empresa. A predominância de homens em trabalhos embarcados impacta diretamente na média salarial. Atualmente, a Petrobras relata que 17% de seu quadro total é composto por mulheres, sendo 22% em posições gerenciais.
Por sua vez, o Banco do Brasil segue uma estrutura de cargos e salários com remunerações estabelecidas de acordo com critérios isentos de qualquer viés de gênero, raça ou discriminação. Já a Caixa estabelece referências salariais baseadas em critérios de antiguidade e mérito, sem distinção de gênero.
A professora de Economia do Insper, Juliana Inhasz, destaca que a discrepância salarial reflete uma situação abominável e compromete toda a retórica governamental. Ela aponta que, quando as condições de ingresso são equivalentes, é esperado que as oportunidades de desenvolvimento sejam similares para ambos os gêneros, o que não tem sido observado na prática.
Inhasz ressalta que a predominância de homens recebendo salários mais elevados sugere que as discrepâncias salariais não estão relacionadas à competência em si, mas sim à discriminação de gênero. Ela ainda destaca que estereótipos enraizados, como a ideia de que mulheres se dedicam mais aos cuidados familiares, também se fazem presentes no setor público.
As empresas mencionadas afirmaram adotar programas para abordar a disparidade salarial entre os gêneros. A Petrobras estabeleceu a meta de ter 25% de mulheres em cargos de liderança até 2030, além de um programa de mentoria feminina que já envolveu cem duplas de mulheres. O Banco do Brasil e a Caixa também estabeleceram cotas para a presença feminina em cargos de liderança, buscando promover um ambiente mais equitativo em termos de remuneração e oportunidades de crescimento.
Fonte: © TNH1