No bioma do cerrado, o índice aumentou 2% durante o período de chuvas, devido ao cumprimento do Código Florestal nas unidades de conservação do terreno.
Os últimos dados mostram uma diminuição significativa no desmatamento na Amazônia no primeiro trimestre de 2024, com uma redução de 41,7% em comparação com o ano anterior. A perda de 491,8 km² de vegetação nativa é um sinal positivo de que as medidas de controle e monitoramento estão surtindo efeito.
No entanto, a luta contra o desflorestamento e a destruição de vegetação ainda é uma batalha constante e que requer atenção contínua. A perda de cobertura vegetal é um problema sério que impacta diretamente o equilíbrio do ecossistema, evidenciando a importância de políticas sustentáveis para proteger nossa biodiversidade.
Desmatamento preocupa no cerrado
No cerrado, o índice cresceu 2% no mesmo período e chegou ao patamar mais alto da série histórica, iniciada em 2019, para os primeiros três meses do ano: foi de 1.416,9 km² para 1.445,6 km². A área perdida no cerrado neste ano até agora equivale à da cidade São Paulo (1.521 km²).
Os dados são do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e foram divulgados nesta sexta-feira (5). Os registros vão até o dia 28 de março para a amazônia e 29 para o cerrado.
Considerando apenas o mês passado, a taxa caiu 59% na amazônia, indo de 356,1 km² em março de 2023 para 146,6 km² neste ano, e aumentou 17% no cerrado, variando de 423,2 km² para 494,1 km² no mesmo período.
Fatores que influenciam o desmatamento
No início do ano, quando acontece a temporada de chuvas nos dois biomas, os números de desmate tendem a ser melhores do que no restante do ano, já que o tempo dificulta a atividade. O período de chuvas tem papel fundamental na regulação do desflorestamento, interferindo nas taxas de perda de cobertura vegetal nos biomas.
O céu nublado também dificulta a captura de imagens pelos satélites que alimentam o Deter. Em março, a cobertura de nuvens registrada pelo Inpe na amazônia foi de 30% e, no cerrado, de 23%. O monitoramento por satélite é essencial para identificar áreas de desmatamento e destruição de vegetação.
Desafios enfrentados no combate ao desmatamento
O Deter mapeia e emite alertas de desmate com o objetivo de orientar ações do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e outros órgãos de fiscalização. Os resultados representam um aviso precoce, mas não são o dado fechado do desmatamento. É preciso atuar com base nos alertas emitidos para conter a degradação dos biomas.
Os números oficiais são de outro sistema do Inpe, o Prodes, mais preciso e divulgado anualmente. Em novembro, os dados do Prodes mostraram que, de agosto de 2022 a julho de 2023, foram perdidos 9.001 km² de floresta amazônica, uma redução de 22,3% na comparação com o período anterior. No mesmo intervalo, o cerrado perdeu 11.011,6 km² de vegetação nativa, representando uma alta de 3%.
Importância da fiscalização no combate ao desmatamento
André Lima, que chefia a secretaria extraordinária de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial no MMA (Ministério de Meio Ambiente e Mudanças do Clima), destaca a importância da fiscalização no controle do desmatamento. ‘A fiscalização é fundamental. Sem ela, você não vai para o segundo degrau’, explica, afirmando que as outras ações do governo, como a restrição ao crédito para desmatadores, só são efetivas com fiscais atuantes.
Desde o início do ano, os servidores ambientais do governo federal estão paralisados, em uma reivindicação por reestruturação da carreira da categoria, com melhoria nos salários e nas condições de trabalho.
Efeitos da paralisação no desmatamento
Ainda não se sabe o efeito da paralisação sobre a política ambiental nacional. As negociações junto ao MMA e ao Ministério da Gestão e Inovação do Serviço Público seguem sem avanço aparente. ‘Acho que a gente vai começar a entender se esse impacto é maior ou menor a partir de agora, porque em janeiro, fevereiro e março a taxa de desmatamento está caindo, mas são meses, tradicionalmente, com o desmatamento mais baixo, por força da chuva’, diz o secretário.
Espera-se que a situação da fiscalização volte com força total nas próximas semanas ou meses. A redução no desmatamento na amazônia é a maior vitória na área ambiental do primeiro ano de governo Lula (PT), enquanto os sucessivos recordes no cerrado preocupam.
Fonte: © Notícias ao Minuto