Alguns finfluencers não mencionam que parte da renda gerada apenas cobre a inflação. É preciso reaplicar essa parcela para preservar o poder de consumo, considerando a taxa básica de juros, Selic e curva de juros.
A discussão sobre o aumento da taxa Selic ganhou força desde a última reunião do COPOM, e agora o foco está nos juros que podem ser aplicados nos empréstimos e investimentos. A decisão do Comitê de Política Monetária pode ter um impacto significativo na economia do país.
Com a possibilidade de aumento da taxa Selic, os investidores estão atentos à taxa de juros que será aplicada nos investimentos. A taxa de rendimento pode ser afetada, o que pode influenciar a decisão de investir em determinados ativos. Além disso, o aumento dos juros pode afetar o rendimento dos investimentos, tornando-os mais atraentes para os investidores que buscam uma rentabilidade mais alta. É importante considerar os riscos e benefícios antes de tomar qualquer decisão de investimento.
Entendendo os Juros e a Renda Fixa
Embora não haja um consenso de mercado sobre a necessidade de aumentar a taxa básica de juros, o mercado percebe que o Banco Central está em uma situação delicada. Os diretores, especialmente o indicado para a presidência da autoridade monetária, foram muito claros em relação a ‘fazer o que for preciso’ caso as expectativas sobre a inflação permanecessem desancoradas. Isso teve um impacto significativo na curva de juros, aumentando o custo de oportunidade dos investimentos em risco e tornando a renda fixa mais atraente, principalmente para aqueles que sofreram prejuízos em fundos multimercados.
Vale lembrar que cerca de 2/3 desses fundos têm desempenho inferior ao CDI há mais de 24 meses, e muitos estão oferecendo retornos em torno de 60% do CDI. Os números de captação líquida de fundos da ANBIMA mostram claramente o humor dos investidores em relação ao risco. Apenas neste ano, a classe de renda fixa registrou um ingresso de R$ 303 bilhões, enquanto as classes ações e multimercado tiveram resgates de R$ 2 bilhões e R$ 145 bilhões, respectivamente.
O Impacto dos Juros Elevados
Em meio a essa incerteza e aversão ao risco, alguns especialistas em finanças têm discutido as oportunidades advindas dos juros elevados e projetado ganhos a partir do patamar atual da taxa de juros. Embora a taxa Selic de 10,50% ao ano represente uma taxa ao mês de 0,84%, é comum ouvir simulações com 1% ao mês. É importante destacar que é possível encontrar títulos no mercado oferecendo rendimentos superiores à Selic, mas é fundamental lembrar que essas alternativas podem não ter liquidez diária e/ou embutir um risco de crédito.
O que é mais preocupante é criar uma ilusão nas pessoas de que esse suposto 1% vai produzir uma renda que pode ser consumida à vontade pelo resto da vida. O que não se explica é que parte da renda gerada apenas cobre a inflação. Se não se reaplicar o valor correspondente à inflação, os recursos vão perdendo valor ao longo da vida.
O Exemplo da Inflação Acumulada
Vamos a um exemplo. Supondo um investimento feito há dez anos, em 2014, de R$ 1.000.000 e que tenha rendido, religiosamente, 1% ao ano nos últimos 120 meses, uma renda de R$ 10.000 por mês. No entanto, entre agosto de 2014 e julho último, a inflação acumulada foi de 76%, o que significa que hoje nosso investidor precisaria de algo em torno de R$ 17.600 para comprar as mesmas coisas que comprava em agosto de 2014. Se esticarmos a simulação para 20 anos, desde 2004, seriam precisos quase R$ 20.000 para comprar os mesmos produtos e serviços.
Ou seja, o investidor que não reaplicasse a parcela correspondente à inflação do período hoje estaria com seu padrão de vida reduzido à metade. O objetivo básico de um investimento, pelo menos quando se pensa em preservação de renda, é proteger os recursos da inflação. Isso significa que quando a taxa de juros é igual à taxa de inflação, ela é capaz, somente, de preservar o poder de compra do dinheiro.
Fonte: @ Valor Invest Globo