Estudo dinamarquês investiga uso de esteroides por homens por 11 anos, comparando com controles.
O uso de anabolizantes para objetivos estéticos, de desempenho ou para aumento de massa muscular foi proibido no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) há um ano.
As substâncias sintéticas derivadas da testosterona, conhecidas como esteroides anabolizantes ou EAA, representam um grande risco para a saúde quando utilizadas de forma inadequada. É fundamental conscientizar sobre os perigos do uso indiscriminado dessas substâncias e buscar alternativas saudáveis para alcançar os objetivos desejados.
Estudo observacional dinamarquês revela aumento do risco de morte associado ao uso de anabolizantes
O uso indiscriminado de substâncias sintéticas derivadas da testosterona, conhecidas como esteroides anabolizantes, tem sido motivo de preocupação devido aos impactos negativos na saúde, especialmente na saúde cardiovascular. Uma carta científica recentemente publicada no Jama apresentou dados alarmantes de um estudo observacional dinamarquês, apontando que o uso de anabolizantes pode aumentar em até 2,8 vezes o risco de morte prematura.
Durante cerca de 11 anos, foram realizadas inspeções aleatórias com testes antidoping em academias de ginástica na Dinamarca, país que possui um registro médico abrangente de sua população. Para cada indivíduo identificado como usuário de anabolizantes, foram incluídos 50 controles da população em geral. No total, o estudo acompanhou 1.189 homens usuários de esteroides anabolizantes e 59.450 homens controle, com idade média de 27 anos.
Os resultados foram impactantes: 33 usuários de anabolizantes faleceram durante o período de acompanhamento, em comparação com 578 mortes no grupo controle, lembrando que havia 50 controles para cada usuário de anabolizante. Isso significa que a taxa de mortalidade entre os usuários de anabolizantes foi 2,81 vezes maior do que entre os não-usuários. Quando se analisaram as mortes não naturais, como acidentes, crimes violentos e suicídios, a disparidade foi ainda maior, chegando a uma taxa de mortalidade 3,64 vezes maior entre os usuários de esteroides em comparação com o grupo controle.
Esses resultados ressaltam a gravidade do uso de anabolizantes e a urgência de conscientização sobre seus potenciais impactos à saúde. O endocrinologista Clayton Luiz Dornelles Macedo, coordenador do Núcleo de Endocrinologia do Exercício e do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein e do ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), alerta para os perigos associados ao consumo dessas substâncias.
Macedo destaca a importância do programa ‘Bomba Tô Fora’ desenvolvido no ambulatório da Unifesp, que oferece atendimento preventivo e gratuito para usuários de anabolizantes no Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo dinamarquês, embora tenha limitações por sua natureza observacional, reforça as evidências existentes sobre os riscos à saúde decorrentes do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes.
Os especialistas enfatizam a relevância dessas descobertas no direcionamento da conscientização e orientação dos pacientes sobre os perigos do uso de anabolizantes. Apesar de não se conhecerem os detalhes específicos das causas das mortes no estudo, a estatística é contundente e serve como alerta para a comunidade médica e para aqueles que consideram o uso dessas substâncias.
Em um cenário onde a finalidade estética e de desempenho muitas vezes impulsionam o uso de substâncias sintéticas da testosterona, é essencial que se reconheça os graves riscos envolvidos. O estudo dinamarquês acrescenta mais uma peça ao quebra-cabeça dos efeitos nocivos dos esteroides anabolizantes, chamando atenção para a importância da educação e prevenção neste contexto.
Fonte: © CNN Brasil