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Três quartos dos jornalistas conhecem casos de agressão: física ou moral, constrangimento psicológico ou verbal, econômica.
Em 14 países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, 75% dos profissionais de comunicação conhecem pelo menos um caso de violência de gênero contra colegas ou relatam episódios contra si. Apesar da proporção elevada, a maioria dos veículos (57%) não possuem protocolos que ajudem na prevenção de episódios de agressão física ou moral e assédio sexual, ou possam orientar atuação quando houver algum caso.
A violência contra mulheres é uma realidade que precisa ser combatida com urgência, seja no ambiente de trabalho ou em qualquer outro contexto. É fundamental que as empresas e instituições adotem medidas eficazes para prevenir e combater o abuso de gênero, garantindo um ambiente seguro e respeitoso para todos os profissionais. Juntos, podemos criar uma cultura de respeito e igualdade, onde a violência de gênero não tenha espaço para se manifestar.
Violência de Gênero: Um Estudo Revelador
Os dados apresentados na pesquisa ‘Meios sem Violência: a urgência de políticas de abordagem e prevenção’ são alarmantes. Realizada pela Asociación Civil Comunicación para la Igualdad de Argentina, com apoio da Federação de Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC) e da Unesco, o estudo revelou 96 casos de violência de gênero. O constrangimento psicológico e verbal foi apontado como a forma mais comum de violência, com 65,5% dos episódios lembrados pelos jornalistas participantes.
Episódios de agressão física ou moral, abuso de gênero e violência econômica também foram relatados, demonstrando a gravidade da situação. Quase metade das situações de violência ocorreu nas redações e estúdios dos veículos de comunicação, evidenciando a necessidade urgente de políticas preventivas.
Perfis dos Agressores e Locais de Ocorrência
O estudo identificou dois perfis de agressores: os ‘offline’ e os ‘online’. Os agressores ‘offline’ incluem indivíduos em cargos elevados na hierarquia da empresa, com 49% dos casos relatados, além de agressores com o mesmo nível hierárquico e homens influentes fora da redação. Já os agressores ‘online’ são representados por dirigentes governamentais, políticos e indivíduos do meio jornalístico e de organizações antigênero.
Os locais de ocorrência da violência também foram identificados: redações, estúdios, redes sociais, e-mails, ambientes físicos e virtuais, coberturas externas e viagens de trabalho. A pesquisa revelou que a maioria dos agressores não sofreu punição, evidenciando a impunidade que permeia essas situações.
Medidas Preventivas e Iniciativas Pró-Equidade
A pesquisa destaca a importância de ações preventivas e de combate à violência de gênero no ambiente jornalístico. A Asociación Civil Comunicación para la Igualdad de Argentina propõe um modelo de protocolo para prevenção e combate à discriminação, assédio e violência no trabalho jornalístico.
Empresas como a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) estão engajadas em promover a equidade de gênero e raça, mantendo em atividade o Comitê de Pró Equidade de Gênero e Raça. Iniciativas como a Rede de Equidade e o programa pró equidade de gênero e raça do governo federal também contribuem para a promoção de políticas de inclusão e diversidade.
A pesquisa ressalta a importância de criar ambientes de trabalho seguros e respeitosos, onde a violência de gênero não seja tolerada. É fundamental que medidas preventivas sejam adotadas para garantir a proteção e o bem-estar de todos os profissionais da área jornalística.
Fonte: @ Agencia Brasil