O fungo Desarmillaria tabescens produz luciferina, um pigmento responsável pela bioluminescência, característica de alguns fungos sem anel.
Um grupo de pesquisadores na Suíça, liderado pelo renomado cientista de fungos Francis Schwarze, conseguiu criar uma nova espécie de madeira que tem uma propriedade fascinante: brilha na escuridão. Essa inovação surgiu graças à combinação de um fungo com a capacidade de bioluminescência, tornando a madeira mais resistente e atraente ao mesmo tempo.
A madeira, desenvolvida no laboratório de Celulose e Materiais de Madeira da Empa em St. Gallen, é fruto de anos de estudos e experimentos. Os cientistas trabalharam com microrganismos para criar materiais que não apenas fossem mais resistentes à deterioração, mas também tivessem propriedades inusitadas. A bioluminescência, que é a capacidade de produzir luz sem a necessidade de calor, foi um dos pontos focais do estudo. Alguns dos resultados incluíam a capacidade da madeira de brilhar nos escuros, tornando-a útil para várias aplicações, incluindo a iluminação de ambientes.
Dinâmica entre fungo e madeira: um casamento entre bioluminescência e sustentabilidade
A pesquisa de Schwarze et al., publicada em Advanced Science em 2024 ([CC BY 4.0]), desvenda o segredo para criar madeira luminosa, utilizando o fungo do mel sem anel (Desarmillaria tabescens), produtor de luciferina, classe de pigmentos responsável pela bioluminescência. Esse fungo, conhecido por seu brilho noturno, foi utilizado para criar um material capaz de emitir luz verde, com comprimento de onda de 560 nm.
A equipe de Schwarze objetiva encontrar usos sustentáveis para a madeira suíça, em vez de queimá-la. Para isso, eles precisavam criar uma madeira luminosa, e o fungo do mel sem anel foi escolhido por sua capacidade de se infiltrar na madeira sem reduzir sua estabilidade.
A madeira, permeada por fios fúngicos, foi incubada por três meses, durante os quais absorveu oito vezes seu peso em umidade. Essa reação enzimática permitiu que a bioluminescência ocorresse com maior facilidade, e o biohíbrido emitiu luz verde logo após ser exposto ao ar.
Contudo, o brilho da madeira não é perpétuo e dura cerca de dez dias. A equipe está otimizando os parâmetros do laboratório para aumentar a luminosidade no futuro. Esse material poderia ser aplicado em placas luminosas e decorativos, tornando os imóveis mais ‘fantasmagóricos’.
Fonte: @Olhar Digital