Saldo do Dia: A ação brasileira foi considerada um valor justo um ano atrás, mas riscos fiscais e dívidas internas fizeram com que a bolsa perdesse valor, o que era considerado justo.
No início do ano, o Ibovespa parecia não ter parar de subir, alcançando um patamar de 130 mil pontos. No entanto, o índice começou a declinar em meados de 2024, surpreendendo os investidores que apostavam em um continuidade da tendência de crescimento do ano anterior.
Com a Bolsa em ritmo de queda, o foco se deslocou para as causas subjacentes da instabilidade do mercado. A expectativa era de que o Ibovespa recuperasse o caminho e retornasse ao patamar de 140 mil pontos, mas a recessão global pareceu ter um impacto mais profundo do que imaginado, levando o índice a uma queda ainda maior do que a prevista.
A Bolsa brasileira enfrenta um cenário desafiador
Às vésperas do Natal, o apetite por riscos entrou em recesso e pode não voltar tão cedo. O Ibovespa enfrenta um período de desaceleração, enquanto os economistas elevam as projeções para inflação e juros, e o dólar continua a subir. Essa combinação pavimenta o caminho para uma bolsa ser deixada de lado.
A deterioração das expectativas encontrou terreno fértil para se fortalecer na sexta-feira com a promulgação do pacote fiscal, que reduziu gastos ainda mais do que o texto original enviado pelo Executivo. Sem motivos para subir, o índice escorregou de volta aos 120.767 pontos, cedendo 1,09%. As perdas no ano agora são de 10%, e a variação mensal ficou negativa em 3,90%. O volume de negociações de R$ 15,1 bilhões foi ligeiramente abaixo da média de R$ 16,3 bilhões dos últimos 12 meses.
Os fatores externos que explicam a desvalorização dos ativos brasileiros incluem a bomba que o Banco Central americano jogou no mercado na semana passada, quando anunciou que os juros devem ficar mais altos do que havia sido ventilado em reunião anterior. As projeções de taxas de juros altas por mais tempo, com inflação mais elevada e precificação de apenas dois cortes em 2025, trouxeram volatilidade para os ativos de risco e mais força para o dólar, que tem ainda mais força em relação ao real do que a outras moedas, graças aos riscos fiscais domésticos.
A moeda americana voltou a subir 1,87% nesta segunda-feira, fechando a R$ 6,19, praticamente recuperando as perdas da sexta-feira. Nem R$ 16,8 bilhões em leilões foram capazes de evitar que o dólar comercial avançasse 3% em dezembro. No ano, a valorização da divisa ante o real já chega a 27,5%.
Taxas de juros em patamares elevados atraem capital para ativos mais seguros, como a renda fixa americana. Elas também desestimulam a atividade econômica e encarecem as dívidas das empresas, diminuindo o valor considerado justo para as ações da bolsa. As projeções também fortalecem o dólar pela diminuição do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos.
Fonte: @ Valor Invest Globo