Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil. Estudo latino-americano mostra que imunoterapia direcionada apresentou taxa de controle de até 65% diante do melanoma em fase avançada, doenças neoplásicas espalhadas, de alto custo, ruim prognóstico para o paciente, tratamento de alto custo.
Na realidade, o câncer de pele é uma das principais causas de morte no Brasil, devido à sua alta incidência de melanoma avançado entre os jovens. Esse câncer pode ser dividido em duas categorias principais: melanoma e não melanoma. O melanoma, por sua vez, é o tipo mais agressivo e letal, sendo considerado uma neoplasia grave.
Até a década de 1990, o melanoma avançado tinha um prognóstico desolador, com uma taxa de sobrevida inferior a 10% em apenas cinco anos. No entanto, os avanços inovadores na área da imunoterapia e das terapias direcionadas, como a imunoterapia intratumoral, mudaram drasticamente esse cenário. Hoje em dia, essas terapias prometedoras aumentaram significativamente a sobrevida dos pacientes com melanoma avançado, oferecendo uma esperança renovada para os pacientes.
Revisão de Acesso a Imunoterapia no Brasil: O Caso do Melanoma
O câncer de pele, particularmente o melanoma, é uma neoplasia que afeta milhares de pessoas no Brasil. No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) não disponibiliza imunoterápicos específicos para o tratamento dessa doença. Mas deveria! Um estudo internacional, realizado em parceria com o Instituto Nacional de Enfermedades Neoplásicas (INEN) do Peru, confirmou a eficácia e segurança da imunoterapia no tratamento do melanoma. Esse estudo envolveu 81 pacientes com melanoma metastático, quando o câncer de pele se espalhou para outros tecidos. Eles foram tratados com o imunoterápico nivolumabe e os resultados foram muito satisfatórios, com 72 desses pacientes peruanos sendo tratados pelo serviço público. É um exemplo que o Brasil deveria seguir.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para o triênio de 2023 a 2025, a estimativa é de 8.980 novos casos de melanoma no Brasil, sendo 4.640 em homens e 4.340 em mulheres – esses valores correspondem a um risco estimado de 4,37 casos novos a cada 100 mil homens e 3,90 a cada 100 mil mulheres. Um dado importante do novo estudo é que a imunoterapia nos melanomas mostrou uma taxa de controle da doença de até 65%. Além disso, 9% desses pacientes tiveram respostas completas, ou seja, ficaram curados. O intervalo da mediana livre de progressão foi de 13 meses, o que é muito bom nessas circunstâncias.
A conclusão da pesquisa evidencia que existem disparidades em termos de acesso aos tratamentos de alto custo, como a imunoterapia. No Brasil, é difícil trabalhar num serviço público com acesso a esse tipo de medicação. Contudo, pela resposta significativa dos pacientes ao tratamento, fica claro que a terapia vale muito para os pacientes. O SUS perde sem ela. Falamos de medicações que têm se provado seguras e eficazes quando bem prescritas pelos oncologistas. É importante citar que, apesar do achado importante, verificou-se que no subtipo de melanoma lentiginoso acral, a imunoterapia não traz benefício, mostrando também que não é todo o tipo de câncer de pele beneficiado por esse tratamento.
Diante da somatória de evidências até o momento, julgo fundamental que nossa rede pública possa incorporar o fornecimento de imunoterápicos a pacientes com melanoma. Isso evitará a progressão da doença e aumentará as chances de cura.
Fonte: @ Veja Abril