Atleta foi encontrado morto em 2018 com o órgão genital cortado e parcialmente degolado, homicídio qualificado, ocultação do cadáver, meio cruel, região Metropolitana de Curitiba, prisão preventiva.
O desfecho do julgamento dos sete acusados de participação na morte do atleta Daniel Corrêa Freitas, que atuou nos times São Paulo, Botafogo e Coritiba, em outubro de 2018, foi concluído na última quarta-feira após o júri popular.
Um dos réus foi considerado culpado pelo assassinato do jogador e foi condenado a cumprir pena de prisão, demonstrando que a justiça foi feita no caso Daniel.
Caso Daniel: Condenação do Réu Confesso
Edison Luiz Brittes Júnior, réu confesso e principal acusado da morte do jogador, foi condenado a 42 anos, 5 meses e 25 dias de prisão por homicídio triplamente qualificado pelo assassinato. Cabe recurso. A sentença foi lida pelo juiz Thiago Flores Carvalho, que conduziu o julgamento no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Edison Brittes Júnior, conhecido como Juninho Riqueza, réu confesso e preso preventivamente na Casa de Custódia de SJP, foi acusado por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de adolescente e coações no curso do processo.
O Caso Daniel chocou a população, revelando detalhes perturbadores sobre o assassinato e os envolvidos. Juninho Riqueza foi condenado devido ao motivo torpe que motivou o homicídio qualificado, além da coação do curso do processo. A prisão foi o desfecho de um processo que abalou Curitiba e a Região Metropolitana.
Juninho Riqueza confessou o crime, alegou que o jogador tentou estuprar a esposa e inocentou os demais. A versão de estupro foi descartada ao longo das investigações feitas pela Polícia Civil e Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Ele se encontra detido desde novembro de 2018. Daniel, então com 24 anos, jogava no São Bento e foi encontrado parcialmente decapitado e com o pênis decepado, em 27 de outubro de 2018, perto de uma estrada rural na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Envolvimento dos Condenados
Outras decisões do Conselho de Sentença
Edison Brittes não foi o único envolvido no Caso Daniel. Cristiana Rodrigues Brittes foi condenada a 6 meses de detenção e 1 ano de reclusão.
A família Brittes, composta por Juninho Riqueza, Cristiana, e sua filha Allana Emilly Brittes, enfrentou acusações que vão desde homicídio qualificado a coação do curso do processo. A saga envolvendo a corrupção de menor foi um dos pontos cruciais do julgamento.
David Willian Vollero Silva e Eduardo Henrique Ribeiro da Silva foram mencionados no caso, porém não tiveram autoria atribuída. O mistério em torno de seus envolvimentos ainda intriga investigadores e o público em geral. O processo envolvendo Ygor King e Evellyn Brisola Perusso trouxe à tona debates sobre corrupção de menor e fraude processual.
Carreira e Vida Pessoal de Daniel
Carreira de Daniel:
Natural de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Daniel iniciou nas categorias de base do Cruzeiro, entre 2019 e 2013.
No último ano, ele se transferiu para o Botafogo e estreou profissionalmente no Brasileirão. Em 2014, ele atuou em 28 partidas e foi titular em 17 delas, entre Libertadores, Copa do Brasil, Série A e estadual. Daniel fez cinco gols e três assistências. Na temporada seguinte, o meia assinou por quatro anos com o São Paulo.
No ano de estreia, ele fez só dois jogos pelo Brasileiro, vindo do banco de reservas. Já em 2016, foram 14 partidas. Sem espaço, Daniel passou a ser emprestado pelo Tricolor. Em 2017, ele jogou apenas seis vezes pelo Coritiba. Depois, no outro ano, atuou 10 vezes pela Ponte Preta e outras duas no São Bento.
A última vez que Daniel esteve em campo foi em 25 de agosto de 2018, na derrota do são Bento por 1 a 0 para o Avaí, no estádio Walter Ribeiro.
O caso
Edison Brittes foi acusado de ter matado o jogador Daniel, em 27 de outubro de 2018, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
O corpo do jogador foi encontrado parcialmente decapitado e com o órgão sexual mutilado, perto de uma estrada rural na Colônia Mergulhão. O crime aconteceu depois de uma festa de aniversário da filha de Edison, Allana Brites. A comemoração começou em uma boate da capital paranaense. Depois, continuou na casa da família Brittes, em São José dos Pinhais.
De acordo com o inquérito da polícia, Daniel foi agredido e morto após ter sido flagrado por Edison Brittes, que assumiu a autoria, deitado na cama de Cristiana. Antes do crime, Daniel enviou a um amigo mensagens e fotos deitado ao lado de Cristiana enquanto a esposa de Edison Brittes dormia.
O jogador então foi espancado ainda na casa da família Brittes, levado no porta-mala do carro e assassinado. Um morador encontrou o corpo dias depois. Nesse período, os envolvidos limparam a casa e chegaram a se encontrar em um shopping para combinar uma versão do acontecimento. Edison e Allana Brittes ainda entraram em contato com a família do jogador para acobertar o crime.
Linha do tempo
Daniel chegou a Curitiba às 21h30 de 26 de outubro, uma sexta-feira. Ele deixou as malas na casa de um amigo, tomou um banho e seguiu para a primeira festa da noite. Depois, por volta da meia-noite, os dois foram para o aniversário de 18 anos de Allana, em outra casa noturna da capital paranaense.
Eles tinham convites para o aniversário de Allana, que foram entregues pelo pai dela. Às 5h40 da manhã de sábado, 27 de outubro, o amigo de Daniel foi embora. Então, o jogador disse que ia para a casa de Allana, onde a festa continuaria. Às 6h36, Daniel mandou uma mensagem avisando o amigo que já estava na casa da aniversariante, em São José dos Pinhais.
Segundo uma testemunha, protegida pela Justiça, os convidados ficaram bebendo e ouvindo música. A primeira pessoa a ir dormir foi Cristiana. Depois, outras pessoas também se recolheram. Ficaram na festa: Daniel, Edison Júnior e outras oito pessoas. Às 8h07 da manhã de sábado, Daniel começou a mandar mensagens para outro amigo.
O jogador contou que estava na festa na casa de uma menina e que várias pessoas estavam dormindo. O amigo perguntou se ele estava bêbado, e Daniel respondeu com uma mensagem de áudio, dizendo que não muito. Além disso, Daniel disse que, na casa, havia uma ‘coroa’, que ia ter relações sexuais com ela – que era mãe da aniversariante. Ele ainda contou e que o pai, Edison Júnior, estava junto.
O amigo, então, alertou Daniel para o perigo de ser expulso da casa. Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, que parecia estar dormindo. Novamente, o amigo alertou Daniel que ele poderia apanhar do marido de Cristiana. Às 8h34, Daniel mandou mais uma foto ao lado de Cristiana e disse ao amigo que teve relação sexual com ela.
No minuto seguinte, Daniel mandou a última mensagem: ‘O que aparecer amanhã é nóis’. O amigo perguntou o que Daniel quis dizer, mas não recebeu respostas. O corpo do jogador foi encontrado pela polícia duas horas depois, às 10h30 de sábado, em um matagal, com mutilações e sinais de tortura. Mas não havia identificação da vítima.
Em depoimento à polícia, um amigo de Daniel disse que ele e mais dois amigos criaram um grupo de mensagens no qual postavam fotos das mulheres que conquistavam. Geralmente, a foto era tirada no momento em que a mulher estava dormindo. De acordo com a Polícia Civil, o órgão genital de Daniel foi cortado.
O Instituto Médico-Legal (IML) apontou ferimento por arma branca como causa preliminar da morte. Mais notícias do esporte paranaense em ge.globo/pr
Fonte: © GE – Globo Esportes