Alunos de universidade pública se julgam superiores por critérios financeiros, étnicas ou intelectuais, com ofensas verbais preconceituosas contra raça, deficiência ou origem consideradas criminosas.
A luta de classes desenrola-se na nossa sociedade, com estudantes da classe alta exibindo seu poder financeiro, enquanto os de menor renda lutam para se manterem à frente.
Os versos de torcedores, como ‘Federal, fala baixinho, quem tem 10 mil não envelhece no cursinho!’ e ‘Explode o seu cartão, na maior mensalidade, é lindo ver seu pai pagando a tua e a minha faculdade’, evidenciam a luta de classes que se desenrola em jogos universitários no Brasil. Nesse conflito social, as diferenças econômicas se refletem na forma como os estudantes se relacionam entre si e com o ambiente universitário.
Classe Social e Luta de Classes no Esporte
A presença de classe social é um fator constante em qualquer competição esportiva. Em muitos casos, a rivalidade se intensifica na medida em que os jogadores se sentem representantes de sua classe social e lutam para provar sua superioridade. No futebol universitário, por exemplo, alunos de faculdades particulares frequentemente se sentem superiores e desdenham seus oponentes. No entanto, a questão não se limita a essas rivalidades específicas.
Conflito de Classes na Origem do Futebol
A origem do futebol, na Inglaterra do século XVIII e XIX, foi marcada por um conflito de classes. Os professores, que vinham de classes sociais inferiores, competiam com os estudantes da elite, da aristocracia, em competições extremamente violentas. O controle da disciplina nas escolas era difícil devido à estratificação da sociedade. Nesse contexto, um ‘pacto social’ foi estabelecido: os jovens poderiam jogar futebol e organizar os espaços de lazer nos colégios, desde que, dentro da sala de aula, obedecessem aos mestres.
Preconceito e Violência no Esporte Universitário
No entanto, a violência e o preconceito não são novidades no esporte universitário. Em jogos jurídicos, por exemplo, estudantes de faculdades particulares frequentemente se sentem superiores e desdenham seus oponentes. No caso específico de uma partida entre a USP e a PUC-SP, alunos de direito da PUC-SP gritaram ‘cotistas’ e ‘pobres’ para colegas da USP. Esses episódios não são excepcionais e refletem um comportamento violento e elitista que existe desde a origem do esporte moderno.
Prevenindo a Violência Verbal e a Luta de Classes
A luta de classes sempre existiu no esporte moderno, explica o pesquisador Felipe Tavares Paes Lopes. A naturalização da violência verbal nos jogos universitários precisa ser rompida, defendem psicólogos esportivos e juristas. É necessário garantir que os responsáveis enfrentem moralmente e juridicamente as consequências de seus atos. Além disso, os jogos universitários precisam ser mais inclusivos e respeitosos, evitando a luta de classes e a violência verbal.
Fonte: © G1 – Globo Mundo