Banco alega que executivo recebeu R$ 4,86 milhões indevidamente e acusados contestam. Sociedade-mútua é acionada para explicar transferências de recursos. Assessoria de imprensa defende postos globais em assembleia-geral.
O Itaú Unibanco tomou medidas acionárias contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro da instituição, e Eliseu Martins, um dos principais especialistas em contabilidade do Brasil, em 6 de março. A ação civil foi protocolada naquele sábado com o objetivo de identificar uma suposta sociedade entre os dois e transferências de recursos financeiros que beneficiaram Alexsandro.
Segundo as investigações, o banco suspeita que houve fraude contábil e que Alexsandro tenha utilizado sua posição para beneficiar-se financeiramente, o que levou a uma investigação interna e a uma ação civil contra os dois envolvidos, que inclui o ex-diretor financeiro da instituição e o especialista em contabilidade. Também está sendo investigada a participação de instituição em fraudes contábeis, mas não há detalhes sobre como isso se relaciona com a ação civil contra Alexsandro Broedel e Eliseu Martins. O ex-diretor financeiro do banco foi demitido da instituição após as investigações terem revelado a suposta fraude.
Evolução do Caso Itaú-Broedel
A assessoria de imprensa do ex-diretor financeiro do Itaú, Broedel, defende que todas as acusações de conflito de interesses são infundadas. Em contrapartida, Martins, um renomado especialista em contabilidade, protesta veementemente contra as decisões e declarações do banco, acusando-o de má-fé na interpretação dos fatos. O caso é um exemplo do complexo relacionamento entre bancos, instituições financeiras e profissionais liberais.
Contagem Cronológica do Caso
O caso se desenrola conforme a seguinte cronologia:
* Julho: Broedel anuncia sua saída do Itaú para assumir um posto global no Santander, na Espanha. A decisão marca o início de um processo que envolve a transferência de recursos, conflitos de interesses e uma complexa rede de relações.
* Agosto: O Itaú dá início a apurações internas para entender se Broedel prestava serviços de consultor e parecerista ao mercado enquanto ocupava o cargo de diretor financeiro. A ação é uma tentativa de elucidar as transferências-recursos entre Broedel, Martins e a sociedade-mútua que mantinham.
* Setembro: O banco leva a cabo as investigações e encerra todos os vínculos com Broedel. O ex-diretor cumpria quarentena e a decisão marca o início de uma longa batalha judicial.
* Dezembro: O banco realiza assembleia e decide anular as contas de Broedel, além de tomar medidas legais cabíveis contra ele. A decisão marca o início do processo civil.
Perfis dos Principais Personagens
O caso envolve dois principais personagens: Broedel e Martins.
* Broedel, um renomado diretor financeiro do Itaú, deixou o cargo em julho para assumir um posto global no Santander, na Espanha. Ele é formado em Contabilidade e Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e é também professor emérito da instituição. Na sociedade-mútua, Broedel era consultor e parecerista para o Itaú.
* Martins é uma das principais referências em contabilidade do país. Ele é um consultor, palestrante e parecerista da área contábil. Martins é bacharel, doutor e livre-docente pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), e é também professor emérito da instituição. Ele foi diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entre 1985 e 1988 e novamente entre 2008 e 2009.
Empresas Involvidas
O caso envolve três empresas além do Itaú:
* Broedel Consultores: criada em 1998 por Broedel antes do ingresso no Itaú, a empresa também é focada em serviços de consultoria e parecerismo.
* Care Consultores: sociedade entre Martins e seu filho Eric Martins. A empresa que forneceu pareceres para o Itaú, sem que Broedel soubesse.
* Evam Consultores: sociedade formada por dois filhos de Martins – Eric e Vinicius Martins.
Acusações do Itaú
O Itaú acusa Broedel de ter omitido da instituição que mantinha uma sociedade com Martins, fornecedor do Itaú, e que exercia atividade externa de consultor e parecerista. Segundo o banco, esses fatos representam grave descumprimento do Código de Ética.
Frente aos indícios de conflito de interesses, o banco aprofundou o levantamento dos serviços contratados e concluiu que, de junho de 2019 a junho de 2024, Broedel contratou 40 pareceres da Care que resultaram em 21 pagamentos, no valor total de R$ 13,255 milhões. Do total de pareceres, 36 foram assinalados como recebidos pelo ex-CFO.
O Itaú alega que o ex-diretor financeiro e o ex-diretor da CVM, Martins, coligaram-se para fraudar a instituição, resultando em uma perda financeira. Martins defende que todas as acusações são infundadas e que o Itaú está sofrendo de má-fé na interpretação dos fatos.
A complexidade do caso envolveu disputas judiciais de longa data entre os dois lados.
Fonte: @ Valor Invest Globo