Gestor da Armor Capital acredita que altas de juros ainda podem conter pressões sobre o câmbio, mas vê risco elevado para a sustentabilidade da dívida pública acima do patamar.
No cenário de desestabilização do dólar brasileiro, os investidores internacionais estão começando a reavaliar suas estratégias de investimento, o que pode afetar a situação fiscal do país. A preocupação com a estabilidade do mercado cambial pode levar a uma retração da economia, o que pode ter consequências negativas para o país, incluindo a perda de competitividade no mercado internacional.
Com o dólar se aproximando da marca de R$ 6, a decepção com o pacote fiscal é uma das principais razões para o seu aumento. A alta do dólar pode ter um impacto significativo na economia do país, afetando a capacidade de pagamento de dívidas externas e influenciando a situação fiscal. Além disso, o cenário atual pode levar a uma reavaliação das estratégias de investimento, o que pode afetar a situação fiscal do país. O caminho para estabilizar o mercado cambial é complexo e envolve ações conjuntas de autoridades econômicas e medidas de política para acalmar os investidores.
Preocupação com a sustentabilidade da dívida pública
A situação econômica brasileira está se aproximando de um patamar de juros que pode comprometer a sustentabilidade da dívida pública, levando a um cenário de dominância fiscal. Isso é uma preocupação significativa, como afirma Alfredo Menezes, da Armor Capital: ‘Estamos chegando a um patamar de juros que compromete a sustentabilidade da dívida. Isso é preocupante e pode reacender as discussões sobre dominância fiscal.’
O cenário fiscal atuais são alarmantes, com o déficit nominal do Brasil projetado para atingir 10% do PIB no próximo ano, o que poderia dobrar o valor total da dívida em menos de oito anos. Isso pode levar a uma desconfiança no mercado, fazendo com que o dólar disparasse, especialmente em um cenário de dominância fiscal. ‘O que poderia fazer o dólar disparar é a desconfiança, um clima de dominância fiscal’, diz Menezes. ‘Não acredito que estamos tão longe disso.’
Aumento da dívida pública e a necessidade de reformas
A dívida pública brasileira está crescendo rapidamente, e a situação pode se agravar se não houver medidas para controlá-la. ‘Não falta muito para entrarmos [em um cenário de dominância fiscal]. Na verdade, já estamos caminhando nesse sentido. Para reverter essa trajetória, seria necessário discutir uma reforma administrativa e cortes de gastos mais severos’, defende Menezes.
No entanto, Menezes acredita que o Banco Central terá condições de controlar a desvalorização do real por meio de uma política monetária mais agressiva. Para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado espera uma aceleração no ritmo de alta da Selic de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto percentual e 1,00 ponto percentual.
Política monetária e ação do Banco Central
O Banco Central pode adotar taxas de juros ainda mais elevadas para controlar a inflação ou abrir mão desse objetivo para preservar a saúde da dívida pública. ‘Se nenhuma medida adicional for adotada no campo fiscal, a Selic pode chegar a 14,5%’, estima Menezes.
Mudança na meta de inflação e sua impacto
Uma eventual mudança na meta de inflação, atualmente fixada em 3%, poderia aliviar o cenário fiscal. ‘O que é pior: conviver com uma inflação um pouco mais alta ou enfrentar um problema com a dívida no futuro?’, afirma Menezes. A alteração da meta de inflação pode ser uma saída menos prejudicial, especialmente em um cenário de dominância fiscal. ‘Em um cenário de dominância fiscal, a deterioração das expectativas será muito mais severa do que no caso de uma alteração bem planejada da meta’, diz ele.
Fonte: @ NEO FEED