Remuneração dos títulos atrelados à inflação atinge nova máxima desde período pré-impeachment, investidores buscam proteção do pós-fixado com leilão de títulos de dívida atrelada à taxa do título.
A dívida pública brasileira enfrenta desafios significativos no mercado financeiro, com o leilão de títulos do Tesouro Nacional em 3 de dezembro de 2024, chamando atenção para a falta de confiança do governo em relação ao mercado financeiro. Os investidores exigiram uma compensação adicional para a dívida, agora chamada de dívida indexada, com taxas superiores a 7% ao ano, alinhadas com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No entanto, o governo enfrenta desafios em equilibrar suas finanças, considerando a importância de manter a dívida pública sob controle. A dívida pré-fixada, por exemplo, apresenta desafios para o governo em ajustar suas finanças para evitar aumentos excessivos. A dívida pública continua a ser um desafio significativo para o Brasil, exigindo soluções criativas para equilibrar os compromissos financeiros do governo com a necessidade de manter a confiança do mercado.
Títulos públicos: o preço da dívida em alta devido à percepção de risco
A taxa do título com vencimento em três anos ficou em 7,33%, 29 pontos-base acima do último leilão, realizado há duas semanas. Esse resultado é o mais alto desde o período que marcou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, quando a taxa chegou a 7,83%. A piora na precificação dos títulos ocorreu após a frustração com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo, que não conseguiu assegurar a sustentabilidade da dívida pública no longo prazo.
A percepção de risco aumentou, refletindo no preço das novas emissões. A dívida indexada e pré-fixada se tornaram mais caras, enquanto a busca por títulos pós-fixados segue firme. A taxa do título pós-fixado com vencimento em três anos saiu levemente abaixo do consenso, em CDI + 0,04%.
A crise de credibilidade na questão fiscal impacta a colocação dos títulos do Tesouro, tornando os pós-fixados mais atraentes. Essa maior busca pelos pós-fixados é plausível, considerando a crise de credibilidade que afeta a dívida pública. A exposição à marcação a mercado, que podem acarretar perdas significativas, torna os indexados e pré-fixados mais arriscados.
O desbalanceamento na demanda coloca em risco o cumprimento do Plano Anual de Financiamento (PAF), que determina a composição da dívida pública por indexador. A meta de 24% da dívida em pré-fixados foi revista para 22%, e ao fim de outubro, o percentual estava em 22,12%. Com as emissões entre novembro e dezembro, é provável que o Tesouro termine o ano abaixo do mínimo estipulado.
Por outro lado, os pós-fixados, que representam 39,66% da dívida no fim de 2023, caminham para encerrar o ano acima de 46%. A dependência crescente de títulos pós-fixados traz efeitos adversos para a economia, dificultando a gestão de caixa do Tesouro e comprometendo a eficácia da política monetária.
Fonte: @ NEO FEED