Encontrar profissionais qualificados na construção civil é um grande desafio em função da falta de mão de obra.
Na visão de especialistas, o mercado de trabalho da construção civil enfrenta um desafio significativo, pois a escassez de profissionais qualificados constitui um obstáculo importante para o crescimento do setor. A presidente do Conselho de Administração do MRV e do Banco Inter, Rubens Menin, destaca a concorrência por mão-de-obra qualificada com programas sociais como o Bolsa Família e o seguro-desemprego. Isso significa que muitos trabalhadores podem preferir essas opções em detrimento de contratos de trabalho em projeto de construção. A situação requer soluções inovadoras para atrair e manter profissionais qualificados.
Para superar esses desafios, é necessário investir em formação de trabalhadores _em construção civil_ , oferecendo cursos de qualificação e treinamento profissional de qualidade. Além disso, a gestão de mão de obra deve ser reavaliada, considerando a eficiência e a produtividade. É fundamental criar um ambiente de trabalho atraente e seguro, garantindo os direitos dos trabalhadores, como a regulamentação de contratos de trabalho, entre outras condições favoráveis. A superação desses obstáculos contribuirá diretamente para a sustentabilidade e o crescimento do setor da construção civil.
A crise da mão de obra no mercado imobiliário
A escassez de mão de obra no mercado imobiliário é um desafio persistente que afeta não apenas a construção civil, mas também setores como restaurantes. Segundo executivos, faltam profissionais qualificados para atender à demanda crescente, o que contribui para a inflação em serviços.
A falta de mão de obra é um dos principais obstáculos enfrentados pelas empresas do mercado imobiliário, com quase 30% das empresas mencionando essa questão como um dos principais desafios, de acordo com a Sondagem da Construção realizada pelo FGV Ibre no início do ano. Além disso, o envelhecimento dos trabalhadores da construção civil é outro fator que agrava a crise. A idade média desses operários aumentou de 38 anos em 2016 para 41 anos em 2024, de acordo com um estudo realizado pelo SindusCon-SP, o que resulta em atrasos nas obras e no aumento do preço de imóveis.
A falta de mão de obra não é apenas um problema causado pelos programas sociais, mas também pelo incentivo à qualificação dos profissionais. Segundo Menin, é necessário incentivar a qualificação dos profissionais para combater a escassez de mão de obra. Esta perspectiva é compartilhada por Rodrigo Luna, Presidente do Secovi-SP e presidente da Plano&Plano, que afirma que o ambiente atual é ligeiramente favorável a quem não está produzindo e isto é preocupante’. No entanto, estamos trabalhando para mostrar o quanto a construção civil melhorou. Temos que resgatar uma forma de melhorar as condições das famílias. Hoje, um bom oficial de carpintaria ganha mais de 10 mil reais trabalhando numa obra, por exemplo’, indica.
A perspectiva para 2025 é sombria, com a falta de mão de obra continuando a ser um desafio. Menin alerta para a importância de adaptações em políticas públicas, como o saque-aniversário do FGTS, que compromete o financiamento do setor. As mudanças promovidas este ano nas Letras de Crédito Imobiliário (LCI) também são mencionadas como um desafio. ‘Este é um mercado de capital intensivo. Você estica a corda até determinado momento, depois disso não tem economia que aguente juros tão altos’, diz o executivo.
Para Luna, o ano chega ao fim com números extraordinários, mas deixa um gosto amargo na boca. ‘O movimento da habitação pós-pandemia foi surpreendente. A pandemia ressignificou a casa própria e impulsionou o mercado nos últimos anos, mas o cenário é desafiador com a perspectiva de uma inflação alta’. Em painel no Summit Imobiliário, Rodrigo Luna defende a importância de qualificar trabalhadores para combater a falta de mão de obra no setor.
Fonte: © Estadão Imóveis