Canção clássica de Geraldo Vandré é reimaginada com batidas de reggae e rap, trazendo uma mensagem de protesto contra a ditadura.
De acordo com Happin Hood, a intenção é criar rap com mensagem, que é ‘o mais relevante’. Aos 88 anos, Vandré apresentou uma nova versão do icônico Para não Dizer que não Falei das Flores. Essa é a segunda vez que Happin Hood grava uma música de Geraldo Vandré. A primeira foi Disparada, em parceria com Jair Rodrigues. Foto: Divulgação Quem nunca se deparou com ‘caminhando e cantando e seguindo a canção’?
Além disso, a música se destaca por sua profunda letra e relevância social. A nova composição de Vandré traz à tona a importância da música como forma de resistência e expressão. A canção continua a ressoar entre as novas gerações, provando que a música é atemporal e essencial para a luta por justiça. É fundamental que a mensagem permaneça viva!
Versos que Ecoam na História
Os versos dessa canção são reconhecidos até mesmo por aqueles que não conhecem o título da música, o autor ou a relevância histórica que ela carrega. O clássico, que se tornou um marco, ganhou uma nova interpretação com batidas cruas e encantadoras de Happin Hood, evocando a atmosfera de um terreiro. Lançada em 1968 por Geraldo Vandré, a música ‘Para não dizer que não falei de flores (Caminhando)’ conquistou o segundo lugar no Festival da Canção daquele ano e rapidamente se transformou em um poderoso hino contra a ditadura militar.
Raízes da Música e do Protesto
Recentemente, notícias relacionadas à música de Chico Buarque, que aborda a vida de um jovem criminoso, levantaram a possibilidade de que essa composição poderia ser adaptada para o estilo rap. ‘A luta do nosso povo é o que inspira’, afirma um integrante do Brô MC’s, o primeiro grupo de rap indígena do Brasil. Em um contexto onde jovens se libertam de internação e processos por meio do rap no Rio Grande do Sul, a nova versão da música de Vandré é influenciada pelas batidas do reggae nyabinghi, um som que reverbera nas celebrações de datas significativas para a comunidade rastafari na Jamaica.
Conexões entre Gerações
‘Queríamos revisitar as raízes do rap e do reggae, especialmente porque, no início desses movimentos, tínhamos uma maior quantidade de músicas de protesto. E ainda com a bênção do mestre’, explica Rappin Hood. Ele acrescenta que ‘independente da grana que se ganha fazendo músicas de protesto, músicas rebeldes, músicas de mensagem, rap de mensagem, há um caminho também. Há quem goste dessas canções, há quem proteste, e isso ainda persiste.’
Homenagem a um Ícone da Música
Geraldo Vandré, que é uma figura reclusa, faz a introdução da música junto ao rapper. Hoje com 88 anos, Vandré fez sua última apresentação em 2018, quando foi homenageado no Festival Aruanda, em João Pessoa, por sua contribuição na trilha sonora do filme ‘A Hora e a Vez de Augusto Matraga’ (1985). Para Rappin Hood, a experiência de acesso a Vandré foi distinta. ‘O pessoal diz que ele é recluso. Porém, comigo não foi assim. De repente, ele manifestou o desejo de participar de alguma forma e fez aquela fala no início da música. Fiquei muito feliz, pois tenho um grande respeito pelo trabalho dele. Vandré é conhecido por suas músicas de protesto, certo? Eu não esperava que isso acontecesse’, revela Rappin Hood.
Legado Musical
Em 2005, em parceria com Jair Rodrigues, Rappin Hood já havia gravado outra composição de Geraldo Vandré, a canção ‘Disparada’, que foi incluída no disco ‘Sujeito Homem 2’. Essa conexão entre artistas de diferentes gerações demonstra como a música continua a ser um veículo poderoso para a mensagem e a luta, mantendo viva a chama do protesto e da resistência.
Fonte: @ Terra