Robôs do varejo engolem estoques por todo o mundo, de brinquedos a filmes, e levantam preços de produtos para clientes.
As sazonais Black Friday e compras de Natal estão em pleno vigor. Nesse período, quantos acreditam que possuem uma chance decente de adquirir o último console ou placa de vídeo mais desejado serão afetados por um exército de robôs que se concentram em tirar proveito dos preços em queda nesse período. Esses robôs (ou bots) são programas em funcionamento constante que oferecem uma influência significativa no comércio online.
Qualquer programa que seja executado por um robô será capaz de identificar e abocanhar as ofertas mais lucrativas em tempo real. Para combater a indesejada interferência desses robôs, muitas lojas optam por implementar medidas para bloquear a sua atuação. Alguns raspadores de preços serão capazes de identificar em segundos os principais anúncios, capturando assim a atenção do consumidor. Mas funcionamento desses robôs ilícitos dificilmente será detectado. E, claro, quando a onda de compras de Natal termina, tudo voltará ao normal ou será assim que muitos gostariam.
Privatização do comércio eletrônico em alta
A pandemia de covid-19 despertou um crescimento explosivo no comércio eletrônico. Porém, essa nova era trouxe consigo novos desafios, como os robôs que invadem o mercado.
A Guia de compras da Black Friday 2024 da Globo destaca a variação de preços de 60 produtos, mostrando o quanto esses robôs podem influenciar o mercado.
A invasão dos robôs no varejo
Esses robôs são projetados para vasculhar as páginas de sites de comércio eletrônico por todo o mundo, em busca de produtos que estejam prestes a serem lançados. Eles são capazes de identificar preços mais baixos e alertar os administradores para que possam vencer a multidão de consumidores em busca de preços vantajosos.
Alguns desses robôs são até capazes de comprar produtos automaticamente, mais rapidamente do que qualquer ser humano. Isso pode levar a produtos ficarem fora de estoque em lojas comuns, mas estarem disponíveis por milhares de dólares a mais do que o preço inicial em sites como o eBay.
O impacto dos robôs na economia
Essa situação é apenas o início de um problema maior, segundo Thomas Platt, da empresa de gerenciamento de robôs Netacea. ‘Robôs abocanham o estoque de tudo, de brinquedos fofinhos a coleções de filmes. Se houver um ‘nicho de mercado’ ou um lançamento de alto padrão, ‘essas indústrias estarão sendo visadas”, explica Platt.
Em 2020, o lançamento da placa de vídeo de jogos para PC da Nvidia, a 3080, ilustrou ‘provavelmente o caso mais extremo do que os robôs podem fazer’, disse um dos moderadores do fórum do Reddit r/BuildaPCSalesUK.
A batalha contra os robôs
A luta contra os robôs é constante. Os usuários em sites de varejo não viram um botão ‘comprar agora’, mas sim um botão ‘esgotado’, já que todo o estoque tinha sido imediatamente levado por robôs, com uma ou outra pessoa sortuda lá no meio.
Rob Burke, ex-diretor de comércio eletrônico internacional da GameStop, diz que os robôs sempre foram um problema. ‘Às vezes, mais de 60% do tráfego no nosso site, representando centenas de milhões de visitas por dia, era de robôs ou raspadores (os scrapers, que monitoram preços). Especialmente às vésperas de grandes lançamentos.’
A solução para o problema
A solução para o problema dos robôs é complexa e envolve a aplicação de tecnologias de segurança avançadas para detectar e prevenir o uso de robôs em sites de comércio eletrônico. Além disso, as lojas devem encontrar maneiras de equilibrar a necessidade de vender produtos com a necessidade de impedir que os robôs os consumam.
‘Hoje, o mercado é dominado por bots que fazem compras por você. Eles são os principais compradores, não os consumidores reais. Eles são os responsáveis por 80% das compras no comércio eletrônico’, disse Platt.
O futuro do comércio eletrônico
O futuro do comércio eletrônico é incerto, mas uma coisa é certa: os robôs vão continuar a influenciar o mercado. A questão é saber se as lojas serão capazes de encontrar maneiras de lidar com essa situação e garantir que os consumidores reais possam ter acesso aos produtos que desejam.
Fonte: © G1 – Tecnologia