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Nascimento do advogado abolicionista libertou 500+ pessoas da escravidão. Lançamento de websérie documental sobre sua experiência jurídica.
O 194º aniversário de nascimento do advogado, abolicionista, jornalista e poeta negro Luiz Gama foi celebrado nesta sexta-feira (21) no centro da cidade de São Paulo com uma marcha e o lançamento de uma série online.
Luiz Gama, reconhecido por sua atuação como advogado e defensor dos direitos dos negros, foi homenageado em um evento que destacou sua importância como abolicionista e poeta negro, que deixou um legado inspirador para as gerações futuras.
Luiz Gama: O Advogado Negro Abolicionista
A jornada teve início no ponto onde está localizado o busto de Luiz Gama, no Largo do Arouche, e se estendeu até o Sindicato dos Jornalistas, na rua Rego Freitas, local onde ocorreu a estreia da série documental. Concebida pelo Instituto Tebas, ‘Liberdade ou Morte – Histórias que a História Não Conta’ concentra-se, em seu episódio inaugural, em Luiz Gama, um homem negro escravizado que se transformou em um intelectual e, com sua expertise jurídica, libertou mais de 500 indivíduos da escravidão.
Estamos desenvolvendo uma narrativa, uma websérie, que narra a trajetória da luta antirracista em São Paulo, ressalta o pesquisador, escritor, líder do Instituto Tebas e autor da crônica da websérie, Abílio Ferreira. Luiz Gama é o único indivíduo escravizado que experimentou a crueldade da escravidão e emergiu como um intelectual de destaque, deixando sua marca na história do Brasil. Seu cortejo fúnebre foi um evento cívico que reuniu aproximadamente 10% da população paulistana naquela época, acrescenta.
Sob a direção, roteiro, edição e finalização de Alexandre Kishimoto, o episódio inaugural da websérie recebe o título de ‘Caminhada Luiz Gama Imortal’, uma homenagem ao percurso feito a pé do bairro do Brás, onde Luiz Gama residia, até o cemitério da Consolação, em 24 de agosto de 1882, data de seu sepultamento. Luiz Gama é uma figura multifacetada, sendo poeta, jornalista, advogado e republicano, envolvido na fundação do Partido Republicano Paulista. No entanto, ele rompe com o partido ao perceber sua conivência com a perpetuação da escravidão.
Luiz Gama foi vendido por seu próprio pai aos 10 anos de idade, em 1840, e transportado de navio de Salvador, sua cidade natal, até Santos, passando pelo Rio de Janeiro. Sua jornada incluiu a árdua subida a pé e descalço da Serra do Mar até São Paulo. Aos 17 anos, ele aprendeu a ler e escrever com a ajuda de um estudante da Faculdade de Direito, hospedado na residência de seu senhor.
Após se alfabetizar, descobriu que havia sido escravizado ilegalmente e reuniu provas disso. Doze anos depois, já estava publicando livros, atuando na imprensa e se tornando autodidata em ciências jurídicas, utilizando seu conhecimento para libertar mais de 500 pessoas com base na lei de 1831, que proibia o tráfico e escravização de indivíduos trazidos ao país após aquela data, conforme relata o pesquisador.
A websérie está disponível gratuitamente no Youtube.
Fonte: @ Agencia Brasil