Estudo com 4.400 idosos encontrou relação entre dores articulares crônicas e declínio cognitivo e da memória.
Uma pesquisa realizada com pessoas idosas que apresentavam sintomas de depressão e dor moderada ou intensa nas articulações revelou que essas pessoas tendem a apresentar um declínio cognitivo mais acelerado, especialmente no domínio da memória. Através do estudo, foi possível observar que a população idosa que apresenta depressão há mais de 6 meses e dor nas articulações tende a ter um declínio cognitivo mais rápido, afetando a função executiva.
De acordo com o estudo, publicado na revista Aging & Mental Health, o hipocampo é uma região do cérebro que pode estar relacionada ao declínio cognitivo. Além disso, a dor crônica pode levar a uma perda de função executiva e memória. A população idosa que sofre com a depressão há mais de 6 meses e tem dor nas articulações pode ter um risco maior de desenvolver declínio cognitivo. Sendo assim, é importante buscar tratamento para a depressão e o dor para tentar diminuir o risco de desenvolver dor e declínio cognitivo.
Impacto da depressão no envelhecimento
A pesquisa sobre a interseção da depressão e a dor crônica no envelhecimento humano revelou um resultado alarmante: a combinação dessas condições acelera o declínio cognitivo e da memória em idosos. Os pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London mergulharam nos dados do English Longitudinal Study of Ageing (Estudo ELSA), que seguiu 4.718 indivíduos com 50 anos ou mais por 12 anos. Essa análise permitiu identificar o impacto deletério da depressão no funcionamento cerebral, especialmente no hipocampo, região crucial para a memória e a cognição.
A sobrecarga nos sistemas cerebrais devido à depressão e dor crônica ‘congestiona’ o cérebro, forçando-o a delegar recursos para lidar com esses sintomas, o que prejudica a formação da memória e o desempenho cognitivo geral. A pesquisa encontrou que indivíduos que sofrem de ambos os problemas apresentam declínio cognitivo e da memória mais rápido do que aqueles que não os têm. Isso sugere que a depressão e a dor crônica articular têm uma interação complexa, agravando o declínio da memória e cognição.
A equipe de pesquisa, liderada por Patrícia Silva Tofani, também observou que apenas a combinação da dor crônica e da depressão acelera significativamente o comprometimento da memória, enquanto a dor crônica articular isolada ou a depressão isolada não apresentam o mesmo impacto. Essa descoberta é crucial para entender como a depressão afeta o envelhecimento e como desenvolver estratégias mais eficazes para mitigar seu impacto.
O estudo destaca a importância de considerar a interseção de diferentes condições de saúde no envelhecimento, especialmente a depressão, que pode ter consequências devastadoras para a saúde cognitiva e a qualidade de vida dos idosos. Com base nesses resultados, os pesquisadores enfatizam a necessidade de uma abordagem integral para o tratamento da depressão, envolvendo tanto a dor quanto os sintomas depressivos.
Fonte: @ Veja Abril