Estudo mostra que humanos praticam canibalismo há milhões de anos, evidenciado por restos mortais com marcas de dentes humanos e processamento intensivo dos tecidos comestíveis.
Na Caverna de Gouch, uma gruta de calcário, localizada em Cheddar Gorge, no Reino Unido, registros de canibalismo foram descobertos por arqueólogos durante escavações recentes.
Além dos restos mortais encontrados, os pesquisadores também identificaram evidências de possíveis práticas de canibalismo ritualístico entre os habitantes pré-históricos da região.
Os ossos marcados pelo canibalismo ritualístico
Os dados foram compartilhados no estudo ‘Canibalismo ritualístico do Paleolítico Superior na Caverna de Gouch’. Segundo as informações, muitos dos restos mortais foram quebrados de maneira intencional e os fragmentos estão cobertos de marcas de cortes, em consequência do uso de ferramentas para separá-los e remover a carne.
Indo além, 42% dos fragmentos ósseos também apresentam marca de dentes humanos. A pesquisa, então, deixa claro que as pessoas que viveram no local há 14.700 anos, de fato, praticavam o canibalismo.
Canibalismo como parte de um ritual
Ainda que considerado um tema tabu na sociedade moderna, o canibalismo, conforme aponta a pesquisa, há milhões de anos, era um comportamento que fazia parte de um ritual em homenagem aos mortos. Na época, segundo pesquisadores, havia a combinação do processamento intensivo de cadáveres inteiros para extrair tecidos comestíveis e a modificação de crânios para produzir taças.
Os resultados do estudo mostram que, em determinados aspectos, o crânio e o pós-crânio foram submetidos a diferentes modos de tratamento. Identificar a motivação e o contexto social do canibalismo nas sociedades passadas traz problemas adicionais.
Variações do canibalismo ao longo da história
A prática pode ser dividida em duas grandes categorias, dependendo se o consumo de indivíduos ocorreu dentro de um grupo ou envolveu o consumo de indivíduos fora do grupo. Assim, vários tipos de canibalismo foram definidos.
Entre eles, o canibalismo nutricional, gastronômico ou de prazer, autocanibalismo, canibalismo de sobrevivência, canibalismo de guerra e canibalismo mortuário – de acordo com as motivações e circunstâncias em que foi praticado. Por fim, vale dizer que a distinção entre estas possibilidades depende da identificação de assinaturas dos diferentes casos de canibalismo e pode ser determinada a partir do contexto em que os corpos humanos foram massacrados.
Fonte: © CNN Brasil